12.11.11

Dona-de-casa

Lembro-me daquela delicada senhora, de cabelos prateados... Fora sozinha durante toda a vida, por isso sempre fora uma dona-de-casa; bucha e detergente na mão, vassoura e pazinha, pano e rodo, fora o balde, o desinfetante e a água...
Na hora de comer, apenas ela e as panelas... Cozinheira de mão cheia, dedicada, delicada no preparo dos pratos, toda jeitosa e perfeccionista , cheia das frescurites mas gente de bem.
De tardezinha, ficava à beira da janela, observando os pássaros e os ruídos dos outros animais, olhava as árvores e observava o vento a mexer com toda a estrutura, o sol a se esconder atrás das colinas, e a lua e as estrelas subindo ao céu... E ficava imaginando o que haveria no horizonte, o por quê ele estava tão distante e por quê ficava ali, bem ali...
Nessas horas lhe vinha a cabeça sua juventude, quando pudera tocar o horizonte sem preocupação e não era escrava da casa, quando pôde permanecer no mundo afora, que agora já estava totalmente mudado, o puro ar se fora, a compaixão das pessoas estava quase extinta, a conexão do antigo mundo havia se desconectado...
Se trancava em casa e nessas horas pensava como seria ser livre... Não ter que atender os pedidos da velha casa... Onde passara toda a vida, por fim pensava " Mas que absurdo! Viver aqui é muito melhor do que sair por aí, sem rumo ou direção..."
E lá se ia novamente para a cama, para no dia seguinte passar tudo o que passou no dia anterior, sua vida era como uma reprise... 
                                                                                                     By s2 Sakura s2

Um comentário:

  1. Uau, adorei! *-* Adoro textos assim, baseados em sentimentos... Muito bom!

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